Já algum tempo que ansiava por tempo mais fresco, eu adoro calor mas uma pessoa começa a sentir falta das roupas quentinhas e aconchegantes. Antigamente odiava o Outono/Inverno mas nos últimos anos comecei a apreciar também os dias mais cinzentos. Talvez porque sofro da tiróide e antigamente, antes de estar medicada, os dias mais frescos eram insuportavelmente frios, não havia maneira de me conseguir aquecer por muitas camadas de roupa que tivesse!
Só lamento os dias mais curtos e falta de luz porque nesta altura fico por norma muito mais motivada a trabalhar (desenhar/pintar), talvez porque há algo de especial nas cores quentes de Outono.
Mas esta semana o tempo mudou drasticamente e passei de usar t-shirt para andar literalmente enfiada em roupa de Inverno e voltar ao cházinho quente. Se uma pessoa anseia o frio, rapidamente muda de ideias quando ele chega!
A minha pele já está a ficar toda desgraçada, ando cheia de cieiro, a pele do rosto já se ressente mais com a água quente do banho e voltaram as dores de garganta.
Dito isto, voltou a necessidade de hidratar em profundidade e nos últimos tempos ando numa aventura de testar manteigas! Digamos que são mega hidratantes, numa formula muito simplificada. A última que partilhei aqui no blog era da
Purity Vision e adorei-a, tanto para o corpo como para o rosto. É muito agradável e sem cheiro.
Na mesma altura, encomendei a Manteiga de Karité da marca
Dr. Feelgood e demorei a optar por uma manteiga de karité, depois de fazer algum pesquisa!
Para quem não sabe, concluí que existem vários tipos de manteiga de karité, começando pela
espécie da planta da qual é extraída. A
manteiga de karité é extraída de uma noz e existem duas espécies, uma que cresce na zona leste de África e a outra na zona oeste.
Na zona Oeste - Senegal e Gana - a manteiga de karité é proveniente da principal espécie de árvore de onde se extrai esta manteiga, da Vitellaria Paradoxa, já na zona este - Uganda e Sudão - a manteiga provém de uma sub-espécie, a Vitellaria Nilotica.
Vitellaria Paradoxa - Manteiga de Karité da zona oeste de África (principalmente Senegal e Gana):
- É a variedade mais popular de manteiga de karité e é produzida principalmente no Gana, mediante plantação para comercialização
- Tem uma maior concentração de vitamina A que ajuda na cicatrização (boa para cicatrizes, estrias, cortes e queimaduras ligeiras)
- É mais espessa e por isso mais difícil de espalhar no corpo, isto porque precisa de temperaturas mais altas para derreter comparativamente com a outra espécie
- Menor concentração de ácido oleico, sendo menos hidratante do que a manteiga da zona este proveniente de Vitellaria Nilotica
- Conclusão, esta espécie é melhor em termos de cicatrização mas mais fraca em termos de hidratação
Vitellaria Nilotica - Manteiga de karité da zona este de África (principalmente Uganda e Sudão):
- Tem uma maior concentração de ácido oleico, o que faz com que a manteiga seja mais suave
- É mais hidratante
- Derrete com mais facilidade, a temperaturas mais baixas, tornando-a mais fácil de espalhar na pele
- Tem uma cor mais amarelada
- A árvore cresce espontaneamente, pelo que é mais rara de se encontrar do que a Vitellaria Paradoxa que já é cultivada para fins comerciais
Só por si, esta diferença, já faz com que a espessura, a textura, a fragrância e a cor das manteigas de karité variem muito. A cor dela vai do branco até ao ligeiramente amarelado.
Quanto à fragrância, é descrita como sendo pouco agradável quando se trata de manteiga pura, não refinada e não desodorizada. Nas minhas pesquisas li de tudo um pouco nas descrições relativamente ao cheiro, desde cheirar a nozes, azeitona, fumo, bacon......
Passamos então ao segundo ponto a ter em conta na escolha de uma manteiga de karité, se a querem pura, refinada ou não refinada e desodorizada ou não.
O ideal é escolher manteiga pura, não desodorizada e não refinada, só assim terão a garantia de escolher uma manteiga de karité com todas as suas propriedades. Os processos de refinação e desodorização da manteiga são processos de alteração química de forma a transformar a textura e cor da manteiga, pondo-a branquinha ou colocando corantes amarelos para a tornar aparentemente mais apelativa e remover-lhe o cheiro característico que é pouco apelativo.
Devem ainda escolher uma manteiga que seja extraída a frio (cold-pressed) e embalada em recipientes que não sejam transparentes porque se exposta a temperaturas altas e à luz pode ficar com as suas propriedades deterioradas.
Se se preocuparem com isso, devem ainda optar uma manteiga que seja bio e proveniente de comércio justo.
Esta manteiga da Dr. Feelgood é de origem biológica, extraída a frio e vem embalada num pote de vidro castanho. No rótulo pode ler-se a proveniência da manteiga, Kenya o que me leva a concluir que deve ser da espécie Vitellaria Nilotica, a versão mais espessa e menos hidratante mas boa para efeitos de cicatrização.
Ela é de uma cor branco marfim, bastante espessa e é realmente difícil de a fazer derreter na pele. Quanto ao cheiro dela, esperem tudo menos que seja cheirosa. Quando abri a embalagem achei que estava estragada e foi isso que me levou a ir pesquisar mais sobre o assunto e ler muitas opiniões. A meu ver, a comparação mais semelhante que encontro é que ela me cheira a balde de água de azeitonas!
Inicialmente o cheiro é demasiado avassalador e incomodativo mas por muito curioso que possa parecer acabei por de certa forma me habituar a ele (não a adorar).
Já experimentei aplicar esta manteiga no corpo, no rosto, como hidratante de pés e no cabelo, antes da lavagem.
No rosto só me atrevo a aplicá-la antes de ir dormir e no cabelo foi um sarilho retirá-la, tive de passar o shampoo duas ou três vezes para conseguir retirar a camada espessa que deixa.
A manteiga da purity vision também é da mesma espécie (e não refinada) que esta mas a versão que comprei para criança é misturada com óleo de coco e canhâmo e talvez por isso derreta e se espalhe melhor na pele. Entretanto pedi na Notino outra manteiga de karité (mais pequenina) mas contactei a marca e descobri que ela é desodorizada, ainda não a usei para falar dela....