Há coisas que nos indignam e que com um meio de divulgação tão bom como um blog dão vontade de partilhar, escancarando coisas que se fazem sem se saber. Hoje depois de receber um e-mail que deixou incrédula resolvi vir aqui partilhar o seu conteúdo, ainda assim sem nomear ninguém para não denunciar a pessoa/site/marca em concreto ou ferir susceptibilidades...
Ter um blog é bonito, recebem-se coisas, não dá trabalho...eu nem passo horas e horas a fio a fotografar coisas e a escrever nem nada (e não sou das que publico mais coisas porque o tempo não estica e os hobbies ficam sempre para segundo plano, sim hobby porque ninguém me paga por nada) - ironia claro.
Quando comecei fotografava em casa mas não sou afortunada para ter uma casa com um jardim bonito onde pôr os produtos, nem tem luz 24h por dia. Os meus estágios não pagos ou mal remunerados também não me permitem comprar equipamento de luz nem esticar a minha casa para dentro do vizinho para aumentar o espaço disponível. O desemprego em que estou agora muito menos. Podia claro fotografar com um telemóvel com uma luz manhosa em que não se visse nada mas gosto de visitar blogs bonitos, com imagens agradáveis e por isso dou o meu melhor para fazer um bom trabalho. Pode não ser o melhor mas é o que consigo. E frisando ainda que não tiro o mérito a quem tem más ou menos boas imagens porque não são as imagens que fazem o conteúdo de um blog. Passando à frente, conto-vos já que encaixoto tudo o que tenho para fotografar e levo para um estúdio de fotografia que gentilmente me cedem o equipamento para usar e fotografo lá as coisas e ficam as imagens em stand-by para serem publicadas depois de as usar devidamente. Passo horas quase todas as semanas a fotografar coisas que depois ainda são editadas antes de serem publicadas.
Todos os dias eu e outras bloggers contactámos com imensas marcas, contactos espontâneos ou porque vamos atrás de algo que nos suscite interesse ou que achamos poder interessar a quem lê um blog. No meio destes contactos existem das situações mais caricatas....
Somos avaliadas pela qualidade das imagens, das estatísticas, dos seguidores do blog, instagram, facebook (etc, etc), se somos giras, se somos feias, se somos amigas desta ou daquela, onde vivemos....isto é uma hipérbole do que acontece mas bem vistas as coisas é esta a realidade.
Depois entopem-nos a caixa de e-mail com press releases de coisas que não interessam ao diabo e acham que temos a obrigação de partilhar tudo e isto é se queremos ser avaliadas para possível colaboração entre as partes. Liguem ali à revista da esquina e peçam para irem publicando coisas e depois pensam se pagam!!!
Já é moda não se pagar nada neste país, nem pelo trabalho (aquilo que se considera trabalho de facto, um emprego), quanto mais pagar pelo resto...
No meio destas trocas e " baldrocas" recebo um contacto (já repetido) de alguém que me tinha feito uma proposta que recusei. Far-me-iam o favor de me dar um produto, na compra de outro para publicar no blog. Na altura nem sequer tinha dinheiro e recusei. Melhor ainda é referir que é algo que já adquiri ao preço de custo umas sete vezes por iniciativa própria noutro local. Quando fiz uma contraproposta nem sequer recebi mais resposta. Supostamente não terá sido recebida.
Depois de começar a receber publicidade da mesma pessoa, repetida vezes sem conta pedi que parassem de me enviar coisas porque não tinha interesse nenhum. Ao que parece estava a receber como blogger, pela newsletter e não sei mais eu o quê.
Ao meu contacto tive resposta uma proposta de colaboração, deveria ver se gostava de algum produto de entre "x" número de coisas para estudarmos uma parceria. Vi, agradou-me, escolhi e respondi relatando a situação anterior. Depois de escolhido o produto respondem-me com os preços de fábrica, seria imensamente vantajoso eu adquirir a peça que entendesse a preço de fábrica e relatar a minha experiência de compra.
Eu aqui no blog partilho muita coisa que não me é oferecida, eu partilho o que uso, o que gosto, o que vejo e me interessa. O blog é meu e partilho o que bem entender, à hora que entender e nas minhas condições, principalmente porque ninguém me paga nada, como num emprego, para trabalhar "x" horas e alcançar determinado objectivo. Aqui partilha-se nas horas vagas e quando há disposição para tal.
Ora, continuando, respondi que não tinha interesse, ofereciam-me um produto, eu comprava e fazia publicidade gratuita.
Passo então a transcrever parte da resposta: "Lembro que a sua "compra" seria a preço de custo, e portanto, a não ser que tenha licença comercial de revendedora de (...), não vejo como possa ter acesso a estes preços... Quanto ao tipo de proposta, lembro que vendemos (...). Não são cosméticos, ou outros artigos que seja "fácil" de fazer ofertas. Mas a título de curiosidade, posso perguntar se tem tido ofertas (...)?" digámos, semelhantes ou iguais?
"Entendemos as parcerias como ponto de interseção de interesses e partilha de riscos. A não ser que o canal de promoção praticamente garanta resultados, ( que não será provavelmente o seu caso) penso que é razoável o agente de promoção partilhar os riscos da promoção não ser bem sucedida. Cada vez menos são os meios promocionais que não estão disponíveis para partilhar os riscos. A premissa de que uma publicação está associada necessariamente a um pagamento\oferta está felizmente cada vez mais em desuso. Desde 2009 que tem sido possível conseguirmos de forma criativa, chegar a um ponto de encontro se seja razoável para as duas partes, por vezes com moldes de cooperação semelhantes ao que lhe propus."
O que concluo, o meu canal de promoção não garante resultados, talvez devessem então abordar um que vos garanta (e pagar pelo serviço).
Está em desuso que uma publicação esteja associada a um pagamento ou oferta. Claro que está, o meu tempo não custa dinheiro e eu sou uma vendida (not). Para isso não necessitavam de me contactar, já tinha conhecimento do site, se tivesse interesse em partilhar partilhava. Obrigada pela colaboração muito vantajosa, eu vou ali desembolsar cerca de 70€ para vos fazer uma compra e depois publicitar. Podia ser vantajoso, podia se tivesse interesse em fazer uma compra um desconto era bom, agora abordar alguém e sugerir que faça uma compra de um bem não-essencial do nada, claro está que ia aceitar.... principalmente porque nós jovens andamos a nadar em dinheiro dos estágios não remunerados.
Vá bloggers, continuem a aceitar as cooperações criativas, por isso é que lá fora as bloggers (até as mais fraquinhas) são pagas pelos conteúdos e aqui só duas ou três se podem dar a esse luxo.
Eu sei que são raras as vezes ou os blogs em que se encontram este tipo de publicações mas hoje teve de ser...talvez seja o calor que me está a fazer mal à sensatez.